Até onde pode chegar a actual desvalorização do BCP?

Depois de uma impressionante valorização que chegou aos 85% em 2017, o BCP assusta agora os seus investidores com uma desvalorização de 20%. Será caso para afirmar que o título está dominado pelos ursos, como noticiava ontem um jornal financeiro? Analisemos a situação, por partes.

A actual desvalorização ultrapassa os limites da normalidade?
Como bem sabe quem me conhece, eu não uso Fibonacci para negociar. Contudo, uso muitas vezes esta ferramenta para me indicar se um determinado movimento está dentro ou fora da razoabilidade. Traçando uma retracção tendo por base o início do movimento, podemos ver que a base desta desvalorização está precisamente sob os 50% de retracção. Uma desvalorização que pode considerar-se, portanto, normal. 


E o suporte dos 20,8 cêntimos, foi ou não quebrado?
Sem dúvida que este suporte, que não sendo forte era o melhor que o título tinha nas proximidades, foi quebrado. Com o pico de volume que acompanhou o movimento descendente, essa questão não está sequer aberta a discussão. Contudo, logo no dia seguinte, o suporte foi recuperado em alta com um pico de volume ainda superior. O que nos diz isso? Que pode ter sido um falso breakout. Para mim o suporte já perdeu toda a validade técnica, mas será que podemos falar em inversão de médio prazo? Não, definitivamente não. Com este movimento, formou-se um suporte bastante mais forte (19,94 cêntimos), e será a quebra deste que pode agora marcar ou não a inversão do título. Para já, arriscar-me-ia a dizer que este suporte poderá aguentar a retracção o suficiente para gerar um ressalto ascendente de curto prazo. 


O que nos diz o gráfico de 30 minutos relativamente ao curto prazo do título?
Do gráfico de 30 minutos vêm preciosas indicações que poderão ajudar a descortinar pelo menos o que o título poderá fazer nos próximos dias. O movimento dos últimos dois dias assemelha-se para já a um movimento em piercing no gráfico diário (falta saber o que fará na próxima sessão), que está geralmente associado a inversões de curto prazo. Ora, repare-se que o gráfico de 30 minutos parece sustentar essa possibilidade, já que viu activar-se um H&S de inversão com projecção nos 21,65 cêntimos. E, como se sabe, os H&S de inversão têm por costume estender a cotação para além da zona de projecção, gerando com alguma frequência movimentos um pouco mais alargados. Se for o caso, podemos eventualmente assistir a uma aproximação à zona de resistência que se inicia nos 22,83 cêntimos e que pode ser fundamental para o actual movimento.

O que esperar, então, das próximas semanas?
Como já se percebeu do que foi escrito acima, há dois pontos-chave que irão definir o curto e eventualmente mesmo o médio prazo. O primeiro, e mais importante, é o suporte do gráfico diário, situado nos 19,94 cêntimos. A quebrar-se em baixa, teremos com elevado grau de probabilidade uma retracção de pelo menos 10%. Contudo, acredito que pelo menos os próximos dias possam ser de movimento ascendente, e que possamos ter uma aproximação à outra zona-chave. Esta segunda zona-chave é a zona de resistência que foi assinalada no gráfico de curto prazo, que se inicia nos 22,83 cêntimos e se estende até aos 23. A ser quebrada em alta, o título tem tudo para caminhar para novos máximos. 

De um ponto de vista probabilístico e técnico, enquanto estivermos em bull market, a probabilidade de quebra em alta de uma resistência é superior à de quebra em baixa de um suporte. Preocupa-me a facilidade com que o anterior suporte foi quebrado em baixa, mas a rapidez de recuperação em alta acabou por compensar. Por diversos motivos, como já expressei anteriormente, não aprecio o BCP enquanto empresa e não negoceio o título numa perspectiva de longo prazo. Contudo, dada a força de movimentação de curto prazo que costuma apresentar, uso-o com frequência para trading. Ainda não decidi se testarei uma entrada nesta fase de indefinição, mas se o fizer, mais depressa será para testar uma compra do que uma venda.