Obrigações Benfica 4% - Vale a pena?

Como já vem a ser hábito, a SAD do Benfica emitiu novo empréstimo obrigacionista, desta vez com uma taxa de juro de 4%. Desde que eu tenho memória, será a mais baixa que já foi emitida, reflectindo também a pressão a que as taxas de juro centrais têm vindo a ser sujeitas. Não me vou alongar muito em detalhes, pois o post que fiz há um ano sobre a emissão anterior continua a ser bastante válido. Reitero de forma linear a opinião que tinha na altura. 

De uma forma geral, importa salientar dois pontos. O primeiro é relativo à taxa líquida. Dependendo de uma série de factores, entre os quais se já têm ou não outras obrigações em carteira, as comissões nestes produtos são geralmente muito pouco atractivas. Sobretudo em bancos comerciais. A taxa bruta de 4% significará por isso uma taxa liquida que rondará os 2%, o que lhe tira grande parte do encanto. Segundo, obrigações não são depósitos a prazo. O risco de insolvência de um clube de futebol não é desprezível, por muito bem que nós conheçamos o sistema em que estes se encaixam e a realidade dos últimos anos. Ninguém, mas mesmo ninguém, diria há 10 anos atrás que o BES poderia falir. E hoje até já há quem diga que alguns clubes de futebol poderão ter de reestruturar a sua dívida. Não digo que o Benfica seja o que tem maiores probabilidades de cair em tal problema, mas também ninguém de juízo poderá dizer que esteja isento de o estar. 

Como já referi inúmeras vezes, a minha estratégia para as obrigações de clubes portugueses assenta na diversificação pelos 3 grandes. Tanto Porto como Sporting têm taxas mais atractivas (rondam actualmente os 5% no mercado secundário em ambos os casos), ilustrando também a percepção de risco superior por parte do mercado.  A vantagem desta estratégia passa pela hipótese de, em princípio, os dois remanescentes serem financeiramente beneficiados pela falência hipotética de um terceiro. 

 Seja como for, conforme (não) tenho feito actualmente, também desta vez não irei ao rateio comprar obrigações. Mesmo que necessitasse de constituir posição, desta vez não faz mesmo sentido algum. A emissão de 2019 está a oferecer um cupão teórico de 4,2%, pelo que compensaria ir acumulando posição em mercado (excepção feita a aumentos de posição muito volumosos e a quem tem a ida ao rateio isenta de comissão). 

Concluindo, na minha opinião é sempre interessante manter algumas obrigações
em carteira, mas não entrem em desvarios. Vale o risco, mas um risco pequeno. Não colocaria mais de 30% da minha carteira em obrigações de clubes de futebol.



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