Que sectores da economia beneficiam com a vitória de Trump?

Depois de uma imprevisível vitória de Trump, é tempo de tentarmos discernir que sectores económicos mais poderão sair beneficiados e pressionados desta surpresa eleitoral. Começando pelo lado dos pressionados, à cabeça encontra-se o healthcare e o conjunto de empresas que vinham a beneficiar com o Obamacare. Agora que os Republicanos têm pleno poder, será expectável uma reversão (parcial, pelo menos) das medidas reformistas que o ainda presidente Obama vinha a implementar. Da mesma forma, diria que poderão haver alguns condicionalismos a empresas que tenham centros de produção na China ou se suportem em mão de obra fundamentalmente estrangeira. Não sendo algo propriamente relacionado com um sector em específico, deverá certamente ser tomado em linha de conta.

De um ponto de vista mais positivista, poderão estar algumas farmacêuticas e empresas do sector biotecnológico. A Srª Clinton vinha a levantar há algum tempo a possibilidade de alterar algumas normas nestes sectores (nomeadamente a demonstrar vontade de controlar preços de alguns produtos), e isso estava a pressionar o sector. Não havendo ainda uma ideia clara sobre o que fará Trump nesse campo, ao não defender um sistema social de saúde acaba por não ter tanta necessidade orçamental de comprar uma guerra com as farmacêuticas.

Falando em guerra, também o sector da defesa deverá sair beneficiado. Vários indícios durante a campanha apontam para a possibilidade de este ser um sector a reforçar na visão de "fazer a América ser grande novamente".  O sector da construção será outro dos grandes beneficiados, senão mesmo o maior. Não pela parede de que tanto se fala, que assentará mais em demagogia do que em cimento, mas porque a estratégia de crescimento do país será baseada neste factor. Será a economia do cimento, que tão bem conhecemos, a aposta de Trump para catapultar o crescimento económico para quase o triplo do que acontece hoje.
O ouro, como tenho vindo a defender há meses, deverá continuar em tendência de alta. Não tanto por esta subida de curto prazo, mas porque podemos ter uma recessão de longo prazo motivada por uma crise de dívida provocada por medidas altamente consumidoras de capital.

Para finalizar, queria deixar uma palavra relativa ao presidente Trump. Como a maioria dos Europeus, sempre desejei uma alternativa a Trump. Infelizmente, a pessoa que se apresentou na corrida final era igualmente medíocre. Contudo, ao ouvir o discurso de vencedor durante a madrugada de hoje, fiquei convencido que o demagogo dentro de Trump não será visto novamente tão cedo. O discurso populista fez a sua parte, mas agora já não o ajudará, e ele sabe-o bem. Se os Americanos, que conhecem certamente melhor que nós a realidade do seu país votaram nele, vamos dar-lhe pelo menos o benefício da dúvida. Às vezes esquecemo-nos que estamos tão afastados da realidade que só vemos o que nos mostram. Uma coisa é certa, as expectativas já estão tão baixas que daqui em diante a nossa opinião só pode mesmo melhorar. Ou confirmar-se, claro...




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